domingo, 16 de setembro de 2012

Marcas (I) Relevantes


Todos nós queremos deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca, uma lembrança concreta. A velha história do livro, do filho e da árvore - o trio que supostamente nos imortalizaria. Supostamente? Sim, supostamente. Por quê? Por que filhos somem no mundo - e morrem, assim como em uns 20/30/50 anos nós poderemos estar mortos, ou antes, amanhã quem sabe, sei lá - e árvores são cortadas, são derrubadas, suplantadas por ruas, bairros, cidades, transformadas em papel, em móveis, etc. E os livros? Podem até fazer sucesso - ou não - são lidos ou simplesmente guardados na estante, e depois mofam em sebos, apodrecem, desaparecem, viram restos em decomposição, como tudo. Penso, afinal, que a única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória daqueles que nos amaram e foram fiéis. O nome, o status, o poder, e os feitos podem sim, quem sabe, se transformar em algo maior, porém, falando em algo amplo somos praticamente insignificantes perante a imensidão, comparados à imensidão do universo. O planeta Terra todo é uma cabeça de alfinete azul perdido entre milhares de galáxias deslocando-se sei lá para onde, pense então em nós, cada um de nós - grãos de areia quem sabe. Somos condicionados a pensar que somos o máximo, somos criados assim porque o sistema precisa que ajamos de tal forma. É irônico, é intrigante, é até meio broxante quando se analisa bem isso tudo. Não meu bem, o mundo não vai parar quando você morrer, ou levar um pé na bunda, ou ser demitido, ou preso, ou o que for... nem quando as pessoas que você mais ama morrerem, o teu mundo, este pode até parar, mas isso não afetará o todo. E isso na real não é ruim, já pensou que egoísmo nosso desejar que o mundo esperasse por nós? O lado ruim disso tudo é que sempre dizem que somos especiais, que cada um é grandioso, e até podemos ser, mas pro todo, não, não somos mais que um Ser formado por carbono e ácido amoníaco. Deixa passar, deixa viver, que o mundo anda por si mesmo. E nós? Acompanhamos o caminhar de toda humanidade que procura destacar-se com unhas e dentes, e um século depois, vira pó e mera lembrança. É complexo demais ser um humano, e também maravilhoso, paradoxo incrível. Contudo, vivemos como se fôssemos imortais, e assim, corremos desesperadamente atrás de grana e reputação e todas essas coisas que nos dão bens materiais e coisas do tipo. Não que isso não seja bacana, porém, viver é mais, é questão de conectar-se com o universo e transformar cada dia em um pedaço de paraíso para si e àqueles que se quer bem. O sentimento de quem nos amou e ama também não é eterno ao pé da letra, como eu me referia acima, é eterno enquanto vivemos, E ISSO BASTA! Eterno enquanto lembramos, enquanto existimos, e isso é o que precisamos. Mesmo assim, com toda inconstância da vida, não abro mão dos meus sonhos, aqueles mais íntimos, entre todos eles, o de viver um amor ardente, uma conexão espiritual, um amor companheiro, que represente um universo eterno, eterno enquanto dure, enquanto eu viva e me recorde grato por ter existido.

-William Schweickardt

Nenhum comentário:

Postar um comentário